TEMPO DE ESPERA
(KÍLVIO DIAS MACIEL) Quando o poeta se cansa, não é o fim É só um momento de se esperar O riso continua choro E o choro se refaz em riso E essa mistura se confunde na arte... em tudo O amálgama que se mostra indivíduo parte só e múltiplo! Espera, que haverá A paixão, no carnaval; O amor, eterno no final O fim que não verá! Pois, no que resta, o bem sempre vence o mal Quando o poeta não encontra mais lápis e papel, não é o fim É só um momento de se esperar Para ver o rio desaguar no mar Páginas brancas a se rabiscar Cerrado que se queima em julho para refazer O canto na boca de calabouço para soar em pétalas de marfim Espera, que não faltará! Uma gota sequer na nuvem de fumaça E no fogaréu, haverá Goiazes! E, no chão ressequido, meus olhos Com os seus assombros de oceanos.