FEBRE DA CRIAÇÃO
(Kílvio Dias Maciel)
Morde,
come e lambe o prato
A sua figura
tá longe do retrato
Finda,
começa e reparte
A sua imagem
finca, beira a tarde
Ronceiro,
fio desencapado
O seu rosto
febril, ensolarado
Deixa que me leve agora sem gosto, sem alma
pra ver se a oração da hora, repasto, faça a calma
Coração,
não me diga, não
O seu pulsar
livre, imensidão
Acolha,
veja além de tudo
Às suas costas
cegas, há fés repostas
Se há alguma coisa pra dizer, enfim, digo sem medo e pressa
daqui da cadeira de balanço de onde me vejo e me despeço
Que não sou eu que meço
que findo, acolho e mordo
o coração molenga, mórbido
nem a febre que delira o começo
Comentários
Postar um comentário