NÁUFRAGOS DO ASFALTO

(Kílvio Dias Maciel) 

 

Quem sabe posso acreditar que o mundo possa ser maior que o mar

Eu sei que esses sonhos não têm mais lugar para ficar escondidos de todo o olhar

Mas a vida pode ser, por um momento, o que era atrás, a busca de ver demais

E as florestas reduzidas em árvores contidas em ruas, praças, becos e avenidas

Posso até pensar antes de acreditar nos pesadelos das noites mal dormidas


Venha!

Acredite em todo o sonho

Em todo o pesadelo

Corra o rio

Pesque o mar

Que a terra, ao redor, há de brilhar

A dor, a alegria e o medo


Antes de você ficar, também, sozinha, lance um olhar, um gesto...

Eu sei, ah! como eu sei! das noites tão vazias pro onde passei e chorei

Apague o cigarro, jogue o copo na calçada, não escute mais música!

E a poesia dos náufragos do asfalto longe de casa permanecerá intacta

Dentro da cabeça, do tronco, dos membros que se desalojaram sós


Caminha!

No desacreditar do que não era sonho

Naquilo que no dia não se traduz em pesadelo

Ria o rio

Adoce o mar

Que a margem, sem percalço

Há de ficar sempre como está




Comentários

Postagens mais visitadas