E ASSIM OS DIAS PASSAM
(Kílvio Dias Maciel)
Da janela que lhe
vejo, num resto de rua que não pisa
Espreito os carros,
os pedestres, as flores de jardim, os tumultos de cidade...
Fico pensando se me
vê de onde estou, de onde lhe fito, de onde me escondo
E assim os dias
passam, as tardes tardam, as noites se escurecem...
Quando desço as
escadas em que tropeço para a rua que não pisa
Sinto o cheiro de
óleo diesel, das árvores mortas, das esquinas de multidão
E aí vejo de fora
da janela a vida que pode ser sua, que pode ser minha
Mas o tempo não
para, a palavra não emudece, o pensamento não estanca
Não há portas,
estradas, rezas, florestas, matas, chãos... não há!
Não há pessoas,
crianças, velhos, cães, gatos, bichos outros... não há!
Não há praças,
verdes, fumaça, chuva, sol, cascalho, febre... não há!
Não há verdades,
mentiras, deuses, demônios, nadas... não há!
Subo, então, as
escadas que antes descera e da janela volto a vê-la
Espreito tudo de
novo, mas nada é novo, tudo é antes, é velho, é outrora
Fico pensando se me
viu quando desci as escadas para a rua que não pisa
E assim os dias
passam, as tardes tardam e as noites se escurecem!
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