PERDIMENTO

 (Kílvio Dias Maciel)

 

Aqui, do alto desses longos, tantos anos,

tudo pode ser!

Resolver-se, por um momento, daqui do alto.

 

Pode-se, também, perder

amigos para a mera morte;

para o desentendimento.

Pode-se perder o bonde!

E, de um raro cais brilhante,

ver veleiros que não zarpam.

 

Aqui, camuflado nestes tempos,

nada se opaca!

Tumultua-se, sempre e quase, nestes quandos.

 

O que se mostrava louco e delirante,

prova-se lúcido e ajuizado;

O que era, então, maluco e demente,

vislumbra-se avisado e justo.

 

Essa vida daqui, desses degraus,

ou quando se sobe ou se pisa em falso,

dos veres, dos ouvires,

dos haveres, dos morreres,

graça, graça, graça!

Mesmo quando se perde a graça!




 

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